APODI - O "Véu de Noiva" atrai visitantes, mas potencial da barragem precisa ser melhor aproveitado
Wagner Lopes - Repórter
Uma pedra preciosa bruta aguardando ser lapidada. Assim pode ser resumida a barragem de Santa Cruz, no município de Apodi, zona Oeste do Estado. O segundo maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade para 600 milhões de m3 de água, foi concluído em 2002 e deve receber, até 2010, novos projetos de irrigação, pesca e turismo. Hoje, o clima é de expectativa por parte dos piscicultores, de apreensão por parte dos agricultores e de indignação dos comerciantes do entorno da barragem.Os primeiros mostram otimismo, pois devem receber a partir de fevereiro ou março novas estruturas para criação intensiva de peixes na barragem, através de um projeto do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs). Por outro lado, outra proposta do mesmo Dnocs vem preocupando os pequenos agricultores, que querem mais explicações de como irá funcionar o perímetro irrigado, a ser instalado na região nos próximos meses, com conclusão prevista para o final de 2010. Enquanto isso, quem trabalha com o comércio ao lado da parede do reservatório reclama das precárias condições do local, onde a Prefeitura de Apodi pretende investir em um terminal turístico e na melhoria da via de acesso, que por enquanto apresentam péssimas condições de receber os turistas.Pescadores pretendem multiplicar a produçãoQuem passa na estrada de acesso à barragem de Santa Cruz percebe ao longe, na superfície da água, diversos quadrados dispostos em linha reta: são a parte superior das cerca de 40 "gaiolas" flutuantes utilizadas para a criação de tilápias em cativeiro, em um projeto iniciado há três anos com o apoio da Emparn. Hoje, essa produção é uma das principais fontes de renda para a Associação de Piscicultores de Apodi e deve ser triplicada nos próximos meses, quando mais 100 estruturas do tipo serão doadas aos associados, pelo Dnocs."Embora a gente sempre tenha muita promessa. Dessa vez estamos começando a querer acreditar que esse projeto vai sair, porque as coisas estão se encaixando e não é possível que agora não se torne realidade", observa o pescador Raimundo Fernandes Gurgel, de 47 anos. Há quatro décadas vivendo da pesca na região, ele fez parte do grupo de 11 pescadores que deu início à atual associação, três anos atrás.Eram então apenas sete gaiolas, que permitiram uma produção inicial de 2.400 kg de tilápias, revendidas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No segundo ano a produção subiu para 10 toneladas e este ano, em um período que vai de julho de 2008 a junho próximo, o contrato com a Conab é de fornecimento de 22 toneladas, mas deve haver sobra de peixes, que poderão ser comercializados na feira da cidade pelos 40 associados atuais, dos quais 28 estão na ativa.Um dos líderes da associação, Francisco Juscelino Carvalho, o "Didi", explica que o objetivo é multiplicar em muito essa quantidade para os próximos anos. "A previsão é que as novas gaiolas cheguem em março", afirma. Em média, é possível tirar cerca de 350kg por gaiola, que possuem 4 metros cúbicos e garantem duas despescas por ano. "Estamos articulando para garantir a compra de pelo menos 30 toneladas no próximo ano pela Conab", prevê Didi.O presidente da Associação, Antônio Francisco de França, o "Manozinho", confirma que a promessa é de entrega das novas gaiolas em março. Ao todo, o Dnocs deve enviar 320 para a região, das quais 120 ficarão com a Colônia de Pescadores de Pau dos Ferros e 200 com a de Apodi, sendo que metade irá para a Associação. "Nossa expectativa é agora com a possibilidade de termos uma unidade de beneficiamento em nosso município, para agregarmos valor ao peixe", diz. Atualmente, a Conab paga R$ 4,50 por quilo. Em uma experiência, os pescadores conseguiram vender a R$ 5,00, na feira de Apodi. Com a unidade de beneficiamento, esse valor se multiplicará, assim como os lucros. A estrutura faria parte dos planos do Dnocs para a região, assim que o novo projeto se consolidar.Potencial turístico é subaproveitadoO sangradouro de Santa Cruz do Apodi é considerado, junto com o do açude Gargalheiras em Acari, um dos mais bonitos do Rio Grande do Norte. O espetáculo, mesmo quando a barragem não está sangrando e formando o "véu de noiva", é belíssimo de se ver e o jato d’água que jorra ininterruptamente da comporta da barragem faz a festa de quem quer se banhar ao lado da parede do reservatório. Contudo, os aspectos positivos param por aí. O local, à margem do qual funcionam alguns bares, é tomado pelo lixo, o acesso é precário e a estrutura improvisada não oferece conforto para quem quer conhecer o reservatório. Os problemas começam na BR-405, onde somente uma placa (e fincada apenas em um sentido da pista) indica a existência da barragem, mesmo assim sem qualquer seta ou informação extra a respeito do caminho. A estrada de 6,5 km que leva à parede do reservatório é de barro e piçarro e muitos motoristas não se atrevem a se arriscar nas subidas e descidas que levam ao sangradouro, onde os veículos enfrentam um verdadeiro rali. "A última vez que passaram a máquina aqui para melhorar a estrada foi em 27 de janeiro de 2008, vai fazer um ano agora", relembra o comerciante Erivaldo Gomes.Ele garante que a data também foi a última na qual se promoveu uma limpeza geral da área. Hoje, os comerciantes tentam manter em boas condições o trecho dos bares, porém próximo à lâmina d’água pode se ver ossos de galinha, pneus velhos, garrafas plásticas e muito mais lixo jogado a céu aberto. Banheiros não existem e a energia teria de ser puxada a mais de 100 metros de distância. Promessas de melhoria, Erivaldo Gomes revela que não faltam. "Um deputado prometeu ano passado três banheiros químicos, mas até hoje não chegaram", cita. Ao mesmo tempo a "segurança é zero", pois os quatro vigias que permaneciam no local foram embora por falta de pagamento. Na parede do reservatório também não há estrutura para receber visitantes e os que se aproximam do sangradouro pela parte de cima só o fazem passando ao lado de grades que impedem o acesso ao local."Isso é lindo, mas deveria ter estrutura melhor. Um passeio de barco, orientação para não ocorrer acidentes, bares padronizados, um acesso melhor, uma pousada", enumera o comerciante mossoroense Nicodemos Fernandes, que levou amigos para conhecer o reservatório. Assim como eles, Erivaldo Gomes afirma que chegam a passar mais de 3 mil pessoas por dia no local, durante os finais de semana do verão. "Se isso aqui fosse melhor cuidado, dava muito mais gente", acredita. O comerciante, porém, já está perto de perder as esperanças. "Não temos apoio de ninguém. Quem vai investir uns 30 mil reais em um passeio de barco se não há estrutura. Eu trabalhava em Natal e vim para cá porque me encantei com o lugar, mas hoje pode se dizer que é uma vergonha para o Rio Grande do Norte", resume. Em março, pescadores e comerciantes irão realizar um protesto por melhores condições de acesso e estrutura. Ração representa maior despesa Os pescadores da associação de Apodi ganham, em média, R$ 280 por mês graças à criação das tilápias nas gaiolas, além do rendimento da pesca normal. Contudo, em metade do ano eles não retiram esse dinheiro obtido pela associação. A quantia é revertida para pagamento de empréstimos e custos da produção. O maior deles é com ração, que além de cara, tem de ser transportada de Natal para a cidade, ampliando as despesas com o frete. As tilápias levam cerca de seis meses da fase de alevinos, com 1g de peso, ao momento em que podem ser comercializados, com 600g em média. Dois meses os embriões passam nas "gaiolas berçários" e o restante nas destinadas aos peixes maiores. Nas primeiras, onde cabem até mais de 10 mil alevinos, a ração é fornecida cinco vezes ao dia e nas demais, onde se coloca em média 800 peixes, são três rações a cada 24 horas. A barragem está tão boa que temos conseguido fazer algumas despescas em quatro, cinco meses.Implantação de Perímetro Irrigado começa até junhoO diretor geral do Dnocs, Elias Fernandes, acredita que a implantação do Perímetro Irrigado a partir da barragem de Santa Cruz do Apodi pode começar ainda no mês de junho. Segundo ele, o departamento já contratou com recursos próprios (R$ 3,8 milhões) uma empresa para elaborar o projeto executivo da obra, bem como já estão sendo iniciados os estudos ambientais e de viabilidade."Esses três estudos básicos já estão em andamento e devem ser concluídos até maio, para fazermos a licitação e começar os trabalhos logo em junho", prevê. A estimativa para conclusão dessa primeira etapa que inclui estação de bombeamento, o canal principal e a desapropriação de terras, abrangendo uma área de 3 mil dos 9 mil hectares totais, é para o segundo semestre de 2010.O diretor tranquiliza os agricultores lembrando que eles terão preferência em permanecer no local. A seleção final, contudo, só deverá ser feita no início do próximo ano, quando se aproximar o fim das obras. "Queremos que assim que a estrutura de irrigação estiver pronta, em setembro ou outubro do próximo ano, os produtores já estejam aptos a aproveitar a água para produzir".Do espaço total, ele afirma que um terço será destinado a pequenos lotes, outro terço aos lotes médios e o último para lotes empresariais, estes acima dos 40 hectares. Somente os estudos que estão em andamento poderão apontar a divisão exata e a quantidade dos lotes, no entanto o representante do Dnocs reforça que os recursos para a primeira etapa, que somam R$ 90 milhões, já estão garantidos pelo Governo Federal."O projeto já estava todo montado e isso permitiu que em uma reunião, dia 20 de dezembro, com a presença do presidente Lula, fosse considerado apto a fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento", relembra. A segunda etapa do projeto, que prevê a ampliação de 3 mil para os 9 mil hectares. , deve representar investimentos de R$ 110 milhões.Secretário confia nos investimentos O secretário de Agricultura de Apodi, Eron Costa, crê que os projetos anunciados pelo Dnocs e o trabalho da nova administração municipal irão garantir dias melhores para agricultores, pescadores e mesmo os comerciantes que vivem direta ou indiretamente das águas da barragem de Santa Cruz. "A distribuição das 200 gaiolas para piscicultura certamente vai ampliar a produção local e melhorar a renda dos pescadores", cita.Já quanto à instalação do perímetro irrigado, que após concluído deve beneficiar uma área de quase 10 mil hectares, o secretário garante que vem recebendo apoio da maioria das associações de agricultores. "Não tenho visto nenhuma divergência ainda", declara. Segundo ele, a orientação da Prefeitura tem sido no sentido de os pequenos produtos não venderem suas terras, para que também possam se beneficiar do futuro projeto."Cerca de 50% da população de Apodi, que é de 36 mil, vive na zona rural. São 150 comunidades e o projeto de irrigação deve gerar cerca de 10 mil empregos na chapada", contabiliza. Ele considera que o investimento deverá beneficiar também a agricultura familiar. Para Eron Costa, contudo, é preciso garantir uma boa gestão do projeto, após sua implantação, para que os recursos aplicados tragam os resultados esperados. Ele lembra que a atual administração está há apenas duas semanas à frente da Prefeitura, mas já prevê investimentos até mesmo na área de turismo no entorno da barragem, como melhoria da estrada de acesso e construção do terminal turístico. "Costumo dizer que quando Deus fez o mundo foi muito generoso com Apodi, nos deu uma diversidade de solos, temos a chapada, o vale, a caatinga, a lagoa, o rio e agora a barragem. Precisamos aproveitar tudo isso", resume.
Uma pedra preciosa bruta aguardando ser lapidada. Assim pode ser resumida a barragem de Santa Cruz, no município de Apodi, zona Oeste do Estado. O segundo maior reservatório do Rio Grande do Norte, com capacidade para 600 milhões de m3 de água, foi concluído em 2002 e deve receber, até 2010, novos projetos de irrigação, pesca e turismo. Hoje, o clima é de expectativa por parte dos piscicultores, de apreensão por parte dos agricultores e de indignação dos comerciantes do entorno da barragem.Os primeiros mostram otimismo, pois devem receber a partir de fevereiro ou março novas estruturas para criação intensiva de peixes na barragem, através de um projeto do Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs). Por outro lado, outra proposta do mesmo Dnocs vem preocupando os pequenos agricultores, que querem mais explicações de como irá funcionar o perímetro irrigado, a ser instalado na região nos próximos meses, com conclusão prevista para o final de 2010. Enquanto isso, quem trabalha com o comércio ao lado da parede do reservatório reclama das precárias condições do local, onde a Prefeitura de Apodi pretende investir em um terminal turístico e na melhoria da via de acesso, que por enquanto apresentam péssimas condições de receber os turistas.Pescadores pretendem multiplicar a produçãoQuem passa na estrada de acesso à barragem de Santa Cruz percebe ao longe, na superfície da água, diversos quadrados dispostos em linha reta: são a parte superior das cerca de 40 "gaiolas" flutuantes utilizadas para a criação de tilápias em cativeiro, em um projeto iniciado há três anos com o apoio da Emparn. Hoje, essa produção é uma das principais fontes de renda para a Associação de Piscicultores de Apodi e deve ser triplicada nos próximos meses, quando mais 100 estruturas do tipo serão doadas aos associados, pelo Dnocs."Embora a gente sempre tenha muita promessa. Dessa vez estamos começando a querer acreditar que esse projeto vai sair, porque as coisas estão se encaixando e não é possível que agora não se torne realidade", observa o pescador Raimundo Fernandes Gurgel, de 47 anos. Há quatro décadas vivendo da pesca na região, ele fez parte do grupo de 11 pescadores que deu início à atual associação, três anos atrás.Eram então apenas sete gaiolas, que permitiram uma produção inicial de 2.400 kg de tilápias, revendidas à Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). No segundo ano a produção subiu para 10 toneladas e este ano, em um período que vai de julho de 2008 a junho próximo, o contrato com a Conab é de fornecimento de 22 toneladas, mas deve haver sobra de peixes, que poderão ser comercializados na feira da cidade pelos 40 associados atuais, dos quais 28 estão na ativa.Um dos líderes da associação, Francisco Juscelino Carvalho, o "Didi", explica que o objetivo é multiplicar em muito essa quantidade para os próximos anos. "A previsão é que as novas gaiolas cheguem em março", afirma. Em média, é possível tirar cerca de 350kg por gaiola, que possuem 4 metros cúbicos e garantem duas despescas por ano. "Estamos articulando para garantir a compra de pelo menos 30 toneladas no próximo ano pela Conab", prevê Didi.O presidente da Associação, Antônio Francisco de França, o "Manozinho", confirma que a promessa é de entrega das novas gaiolas em março. Ao todo, o Dnocs deve enviar 320 para a região, das quais 120 ficarão com a Colônia de Pescadores de Pau dos Ferros e 200 com a de Apodi, sendo que metade irá para a Associação. "Nossa expectativa é agora com a possibilidade de termos uma unidade de beneficiamento em nosso município, para agregarmos valor ao peixe", diz. Atualmente, a Conab paga R$ 4,50 por quilo. Em uma experiência, os pescadores conseguiram vender a R$ 5,00, na feira de Apodi. Com a unidade de beneficiamento, esse valor se multiplicará, assim como os lucros. A estrutura faria parte dos planos do Dnocs para a região, assim que o novo projeto se consolidar.Potencial turístico é subaproveitadoO sangradouro de Santa Cruz do Apodi é considerado, junto com o do açude Gargalheiras em Acari, um dos mais bonitos do Rio Grande do Norte. O espetáculo, mesmo quando a barragem não está sangrando e formando o "véu de noiva", é belíssimo de se ver e o jato d’água que jorra ininterruptamente da comporta da barragem faz a festa de quem quer se banhar ao lado da parede do reservatório. Contudo, os aspectos positivos param por aí. O local, à margem do qual funcionam alguns bares, é tomado pelo lixo, o acesso é precário e a estrutura improvisada não oferece conforto para quem quer conhecer o reservatório. Os problemas começam na BR-405, onde somente uma placa (e fincada apenas em um sentido da pista) indica a existência da barragem, mesmo assim sem qualquer seta ou informação extra a respeito do caminho. A estrada de 6,5 km que leva à parede do reservatório é de barro e piçarro e muitos motoristas não se atrevem a se arriscar nas subidas e descidas que levam ao sangradouro, onde os veículos enfrentam um verdadeiro rali. "A última vez que passaram a máquina aqui para melhorar a estrada foi em 27 de janeiro de 2008, vai fazer um ano agora", relembra o comerciante Erivaldo Gomes.Ele garante que a data também foi a última na qual se promoveu uma limpeza geral da área. Hoje, os comerciantes tentam manter em boas condições o trecho dos bares, porém próximo à lâmina d’água pode se ver ossos de galinha, pneus velhos, garrafas plásticas e muito mais lixo jogado a céu aberto. Banheiros não existem e a energia teria de ser puxada a mais de 100 metros de distância. Promessas de melhoria, Erivaldo Gomes revela que não faltam. "Um deputado prometeu ano passado três banheiros químicos, mas até hoje não chegaram", cita. Ao mesmo tempo a "segurança é zero", pois os quatro vigias que permaneciam no local foram embora por falta de pagamento. Na parede do reservatório também não há estrutura para receber visitantes e os que se aproximam do sangradouro pela parte de cima só o fazem passando ao lado de grades que impedem o acesso ao local."Isso é lindo, mas deveria ter estrutura melhor. Um passeio de barco, orientação para não ocorrer acidentes, bares padronizados, um acesso melhor, uma pousada", enumera o comerciante mossoroense Nicodemos Fernandes, que levou amigos para conhecer o reservatório. Assim como eles, Erivaldo Gomes afirma que chegam a passar mais de 3 mil pessoas por dia no local, durante os finais de semana do verão. "Se isso aqui fosse melhor cuidado, dava muito mais gente", acredita. O comerciante, porém, já está perto de perder as esperanças. "Não temos apoio de ninguém. Quem vai investir uns 30 mil reais em um passeio de barco se não há estrutura. Eu trabalhava em Natal e vim para cá porque me encantei com o lugar, mas hoje pode se dizer que é uma vergonha para o Rio Grande do Norte", resume. Em março, pescadores e comerciantes irão realizar um protesto por melhores condições de acesso e estrutura. Ração representa maior despesa Os pescadores da associação de Apodi ganham, em média, R$ 280 por mês graças à criação das tilápias nas gaiolas, além do rendimento da pesca normal. Contudo, em metade do ano eles não retiram esse dinheiro obtido pela associação. A quantia é revertida para pagamento de empréstimos e custos da produção. O maior deles é com ração, que além de cara, tem de ser transportada de Natal para a cidade, ampliando as despesas com o frete. As tilápias levam cerca de seis meses da fase de alevinos, com 1g de peso, ao momento em que podem ser comercializados, com 600g em média. Dois meses os embriões passam nas "gaiolas berçários" e o restante nas destinadas aos peixes maiores. Nas primeiras, onde cabem até mais de 10 mil alevinos, a ração é fornecida cinco vezes ao dia e nas demais, onde se coloca em média 800 peixes, são três rações a cada 24 horas. A barragem está tão boa que temos conseguido fazer algumas despescas em quatro, cinco meses.Implantação de Perímetro Irrigado começa até junhoO diretor geral do Dnocs, Elias Fernandes, acredita que a implantação do Perímetro Irrigado a partir da barragem de Santa Cruz do Apodi pode começar ainda no mês de junho. Segundo ele, o departamento já contratou com recursos próprios (R$ 3,8 milhões) uma empresa para elaborar o projeto executivo da obra, bem como já estão sendo iniciados os estudos ambientais e de viabilidade."Esses três estudos básicos já estão em andamento e devem ser concluídos até maio, para fazermos a licitação e começar os trabalhos logo em junho", prevê. A estimativa para conclusão dessa primeira etapa que inclui estação de bombeamento, o canal principal e a desapropriação de terras, abrangendo uma área de 3 mil dos 9 mil hectares totais, é para o segundo semestre de 2010.O diretor tranquiliza os agricultores lembrando que eles terão preferência em permanecer no local. A seleção final, contudo, só deverá ser feita no início do próximo ano, quando se aproximar o fim das obras. "Queremos que assim que a estrutura de irrigação estiver pronta, em setembro ou outubro do próximo ano, os produtores já estejam aptos a aproveitar a água para produzir".Do espaço total, ele afirma que um terço será destinado a pequenos lotes, outro terço aos lotes médios e o último para lotes empresariais, estes acima dos 40 hectares. Somente os estudos que estão em andamento poderão apontar a divisão exata e a quantidade dos lotes, no entanto o representante do Dnocs reforça que os recursos para a primeira etapa, que somam R$ 90 milhões, já estão garantidos pelo Governo Federal."O projeto já estava todo montado e isso permitiu que em uma reunião, dia 20 de dezembro, com a presença do presidente Lula, fosse considerado apto a fazer parte do Programa de Aceleração do Crescimento", relembra. A segunda etapa do projeto, que prevê a ampliação de 3 mil para os 9 mil hectares. , deve representar investimentos de R$ 110 milhões.Secretário confia nos investimentos O secretário de Agricultura de Apodi, Eron Costa, crê que os projetos anunciados pelo Dnocs e o trabalho da nova administração municipal irão garantir dias melhores para agricultores, pescadores e mesmo os comerciantes que vivem direta ou indiretamente das águas da barragem de Santa Cruz. "A distribuição das 200 gaiolas para piscicultura certamente vai ampliar a produção local e melhorar a renda dos pescadores", cita.Já quanto à instalação do perímetro irrigado, que após concluído deve beneficiar uma área de quase 10 mil hectares, o secretário garante que vem recebendo apoio da maioria das associações de agricultores. "Não tenho visto nenhuma divergência ainda", declara. Segundo ele, a orientação da Prefeitura tem sido no sentido de os pequenos produtos não venderem suas terras, para que também possam se beneficiar do futuro projeto."Cerca de 50% da população de Apodi, que é de 36 mil, vive na zona rural. São 150 comunidades e o projeto de irrigação deve gerar cerca de 10 mil empregos na chapada", contabiliza. Ele considera que o investimento deverá beneficiar também a agricultura familiar. Para Eron Costa, contudo, é preciso garantir uma boa gestão do projeto, após sua implantação, para que os recursos aplicados tragam os resultados esperados. Ele lembra que a atual administração está há apenas duas semanas à frente da Prefeitura, mas já prevê investimentos até mesmo na área de turismo no entorno da barragem, como melhoria da estrada de acesso e construção do terminal turístico. "Costumo dizer que quando Deus fez o mundo foi muito generoso com Apodi, nos deu uma diversidade de solos, temos a chapada, o vale, a caatinga, a lagoa, o rio e agora a barragem. Precisamos aproveitar tudo isso", resume.
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